Páginas

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

TEÍSMO ABERTO


Para pensar...Só pensar. 

Em um mundo onde as frágeis certezas humanas querem tomar o lugar de da Graça, escrever não é fácil. Enquanto escrevo lembro-me do tempo em que falar era mais seguro para a minha frágil existência. Seguro porque o falar quase sempre é pena de travesseiro rasgado ao vento.

Não que falar nunca tenha trazido dor. Mas é que ao escrever registra-se e eternizam-se ideias que para muitos ainda nem se quer existe na mente. Já falei muito, mas nunca escrevi sobre tudo. Tudo é muito para quem pouco sabe. O que é teísmo aberto? Ouvi a pergunta comendo uma pizza com um casal de amigos desses que se pode falar abertamente sobre tudo, mesmo que tudo não se saiba sobre o assunto. Comunismo, estoicismo, cristianismo, historicismo, capitalismo, socialismo, imperialismo, funcionalismo, marxismo, cientificismo, dogmatismo, ceticismo, subjetivismo, relativismo, pragmatismo, colonialismo, imperialismo, comunismo... Teísmo.

O sufixo “Ismo” parece ser tudo o que o ser humano tem para sustentar e se fazer entender em suas ideias.  O Teismo aberto apresenta  como ideia uma reavaliação do conceito da onisciência de Deus, na qual se afirma que Deus não conhece o futuro completamente, e pode mudar de idéia conforme as circunstâncias negando assim a Onipotencia, Oniciencia e Onipresença de Deus. Conforme o Teismo aberto, Deus não conhece o futuro como um todo.Para tal idéia inumeros são os textos extraidos das escrituras de forma a alicersar as idéias e os principios para tal argumento. Os defensores desse ensino que ainda brota em diversos meios da filosofia cristã trazem a “idéia” de que Deus e o homem são socios em uma historia que lhes é comum e desse modo Deus aprende com o homem e o homem aprende com Deus.

O que não se tras a tona é que todo “ismo” que confronta o “ismo” alheio gera  reações de perplexidade. Para quem apenas lê os meandros da teologia sabe que os “ismos” do teismo aberto é um  confronto historico aos “ismos” de Calvino.

Ora, tudo não passa de tentativa de adequação ao velho conflito existente entre a Soberania de Deus e a liberdade humana, principalmente quando no meio disso se estabelece como questão maior os abrolhos e os espinhos do sofrimento humano.O mais interessante é que no meio disso o que surge é a “teologia relacional” onde a mesma tem como principio no assunto a critica aos conceitos estabelecidos pelo calvinismo.

Teismo aberto nada mais é do que a tentativa de tornar  a questão “Soberania x Liberdade x Sofrimento” algo doce ao paladar contemporaneo afim de aliviar os traumas de um deus Calvinista. Se isso que digo não for verdade, Paulo Brabo em seu livro Bacia das Almas tem muito a explicar quando diz:

“Como Gondim e Kivitz , prefiro a confortável posição de denunciar o calvinismo sem endossar a doutrina do Teísmo Aberto – doutrina que é no fim das contas tão limitante e extrema quanto a que pretende invalidar. Agir diferente seria glorificar uma ortodoxia em detrimento da outra; desmanchar um ídolo para colocar outro no lugar.”

Ricardo Gondim em seu livro Creio mas tenho duvidas, faz questão de endossar que não é defensor do teísmo aberto quando diz:

DISSIPEMOS AS INQUIETAÇÕES. A bíblia revela de forma inequívoca que Deus é o Criador do Universo e que tem todo o domínio sobre tudo que existe.(1º parágrafo – Capitulo – Deus é soberano)

Não há duvidas de que as Escrituras revela que Ele possui atributos que o diferenciam fundamentalmente da sua criação. Ele é onipresente: “Para onde poderia escapar do teu Espirito?” (SL 139.7). “Os olhos do senhor estão em toda parte observando atentamente os maus e bons”(Pv 15.3).

Ele é onisciente porque não há nada que esteja fora do olhar divino: “Revela coisas profundas e ocultas e o que jaz nas trevas, e a luz habita com ele”(Dn 2.22). Deus é onipotente: “Eu sou o Senhor o Desu de todoa a humanidade. Há alguma coisa difícil demais para mim?” (jr 32.27).(2º parágrafo – Capitulo – Deus é soberano)

O que segue em diante no livro é uma total afirmação do Domínio de Deus na historia.

Kivitz em seu blog articula em “Teodicéia”  um carinho na teologia relacional dizendo:

Deus havia sido crucificado num "jogo de empurra" entre judeus e romanos, isto é, diferentemente dos outros deuses, o Deus cristãos havia sido morto não por deuses mais poderosos, mas por homens. Sendo Deus, jamais poderia ser morto por mãos humanas, e sendo o Deus onipotente, jamais poderia nem mesmo ser morto. Paulo, apóstolo, estava, portanto, diante de um dilema semelhante ao proposto por Epicuro: Deus era uma impossibilidade filosófica.

Foi então que os apóstolos surgiram com uma resposta tão genial que nos cristãos acreditamos que foi soprada pelo Espírito Santo: antes de vir ao mundo ao encontro dos homens, Deus se esvaziou da sua onipotência, isto é, abriu mão do exercício de sua onipotência, e por amor, deixou-se matar por eles. (Eu disse que "Deus abriu mão do exercício de sua onipotência", bem diferente de "Deus abriu mão de sua onipotência").

Depois disso tudo, alguns podem perguntar:

“E dai? O que você tem a dizer? A quem esta defendendo?”

Ora, eu não tenho absolutamente nada a dizer sobre os “ismos” teologicos  que os homens constroem para si! E nem tão pouco defender os que fazem dos “ismos” o seu Deus. Atraves deste post, só estou cantarolando o que o meu amigo Thiago Cavalcanti cantou após o termino de nossa conversa sobre o assunto em uma padaria qualquer:

“Eu pefiro ser essa metarmofose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.

Só isso...

Mas em um mundo onde o desafio cristão tornou-se a qualidade do que é crível e não a defesa de verdades, em um mundo onde o a astucia vem tomando lugar de corações contritos e sinceros, em um mundo onde os esmeros pelas revelações misteriosas que beiram ao misticismo pisam em cima de duvidas e incertezas sinceras, digo o seguinte:

 Neste mundo de “ismos” dos homens, o teísmo aberto é só mais um filho bastardo dos caprichos e prepotências humanas que dizem conhecer a Deus a seu modo. Assim sendo,  os “ismos” do teísmo aberto ou de qualquer outra teologia só são admissíveis a reflexão quando o que se esta em cena é o homem tentando entender o próprio homem, pois quando os “ismos” humanos tentam explicar Deus verdades facilmente dão lugar a prepotências e astucias.

Enquanto os “ismos” teológicos forem comprometidos em dissecar Deus como se ele fosse um sapo de laboratório, a historia humana continuará cegamente caminhando pelo bestial caminho das dissecações de um  deus sapo ao invés de viverem na simplicidade de um Deus que já se revelou na cruz. O que os “ismos” teológicos precisam entender é que Deus já se revelou em Jesus afim de que todo desejo de dissecação humana sobre Deus e a nossa existência se finde. Quem não vive nesta consciência que continue a ver Deus como um sapo pronto a ser dilacerado pelo bisturi da bestial astucia. Em Jesus nós não temos resposta para a pergunta  “Como é Deus?” e sim, Quem Ele é através de uma relação simples de obediência e amor com o Cordeiro Santo que já existia antes e quando tudo ainda era apenas o verbo.

Deus É, e o homem apenas tenta ser.

Quem não consegue viver em fé nessa simples verdade que continue a tentar explicar o que Deus já disse ser inexplicável  através de Jesus Cristo.

Graça.

Quem entende isso, pode até não saber absolutamente nada dos “ismos” teológicos, mas entende que Deus é incompreensível a todo e qualquer entendimento humano. E essa é a única resposta que faz com que os bisturis teológicos que tentam rasgar Deus a fim de entendê-lo caiam.

Deus excede a todo entendimento... Quem tem isso como resposta aos “ismos” teológicos vive pela fé.

André Ferraz.

Um comentário: